terça-feira, 6 de outubro de 2009

Desabafos de uma mente em conflito


"Ainda fico pensando no escuro que deve ser o fato de não existir mais! Eu já era frustrado com essa idéia, depois dessa fiquei mais ainda."

Isso foi parte de um email que escrevi pra minha prima, a respeito do assassinato de alguém que a gente conhecia. Um cara jovem, 23 anos. Foi esfaqueado no peito por causa de um som em alto volume; motivo banal. Deixou um filho bebê, uma mãe solteira e sua família e amigos frustrados.

Todos os dias ocorrem situações conosco, muitas delas desagradáveis, que nós reagimos de maneira espontânea; possuídos pela ira do momento. Respondemos a uma provocação no trânsito com algum palavrão ou um gesto obsceno, ou então reagimos a algum assalto movidos pelo reflexo de ter seu relógio ou carteira puxados. Mas nunca, nunca mesmo, pensamos que em algum momento seremos atingidos por uma bala ou faca. Não dá tempo de parar pra pensar quando estamos enfurecidos ou sob excesso de estresse. Essas circunstâncias geralmente nos pegam de surpresa...

A morte é algo realmente assustador, por mais que algumas pessoas sejam embasadas por crenças religiosas, há medo de algo que é desconhecido. Não há como saber o que acontece depois. A última vez que parei pra ficar tentando decifrar esse enigma, tive um ataque de pânico e perdi uma noite de sono. Toda vez que tento apelar pra o lado espiritual da coisa, me vejo como alguém desesperado em busca de um sustentáculo a fim de não enlouquecer, e também todas aquelas teorias da evolução vêm à tona; de como tudo se deu origem através de processos metabólicos, cientificamente comprovados. Sabemos passo a passo de como um ser é gerado no interior de um organismo, mas onde esta a prova de que existe espírito dentro deste ser?

Tudo que se passa em nossa mente é fruto de descargas elétricas transmitidas de um neurônio pra outro; impulsos gerados por potenciais de ação; conjuntos de hormônios que regulam e regem nosso comportamento, humor e personalidade. Anomalias em um desses fatores justificam o desvio de conduta em certos indivíduos, fazendo com que estes cometam alguma atrocidade com maior facilidade e sem ressentimentos. Se certas pessoas são predispostas a matar como justificar o livre arbítrio? A influência dos espíritos malignos estaria exteriorizada através dessas interferências neurológicas? A consciência seria a voz de Deus ou hormônios em atividade?

Tento incansavelmente fazer uma ligação entre o espiritual e o orgânico, mas não consigo!
E tenho certeza que não sou o único vivenciando esse eterno conflito...

Um comentário:

  1. De fato, a morte é um enigma. Mas me recuso a acreditar que somos apenas potenciais de ação, hormonios, etc. Somos mais que seres biológicos, FATO!
    Em relação, ao espiritual, não tenho respostas.

    ResponderExcluir