terça-feira, 16 de junho de 2009

Cult?



Costumo freqüentar uma locadora de dvds e as vezes tenho o prazer de trocar umas idéias legais com um cara inteligente que também costuma locar filmes por lá. Dia desses estávamos conversando sobre as preferências das pessoas entre filmes legendados e dublados. Eu revelei que tenho o hábito de ver filmes legendados desde a infância, por influência de um primo cinéfilo mais velho e de certa forma por imposição também, pois ele tinha o VHS de Jurassic Park (1993), que eu era alucinado naquela época, sendo legendado. Via e revia o filme várias vezes e apesar de um filme desse gênero, a ação chamar mais atenção que o diálogo, já era uma semente plantada que meu primo regava com comentários do tipo: filmes dublados perdem a qualidade de som; muitas vezes o texto original é mudado pra se adequar à leitura labial; de nada adianta ver um ótimo ator com a voz de outra pessoa – e os suspiros, gritos, choro, dor? Como sentir o que o ator original quer expressar?
Não gosto de filmes dublados.
Diante disso o rapaz levantou uma questão interessante:
- Sim. Vc não gosta desses filmes por todo esse contexto aí, ok. Mas e as pessoas que dizem gostar de filmes legendados só pra serem vistas como “cult”, intelectuais, inteligentes?

...

Existem regras a serem seguidas pra ser inteligente? Jurava que inteligência era algo intrínseco, as pessoas já nasciam com ela. E não nascem?
Acho que a inteligência possa ser no máximo moldada/aperfeiçoada.
Já a intelectualidade, creio eu, as pessoas adquirem com o tempo e varia de acordo com seu grau de interesse, das possibilidades e do meio em que essa pessoa viva.
Mas será que há a etiqueta “cult”? Normas a serem seguidas pra ser visto como um intelectual? Bem... se normas assim existem, eu não sei. O que sei é que existem pessoas querendo ditar certos parâmetros para serem vistas como tal. E falo isso baseado na minha vasta experiência no maior site de marketing pessoal da atualidade, o Orkut. Há dois anos deletei minha conta por motivos que dariam um novo post. Mas ficou a memória, e um caso em particular me veio à mente. Lembro-me de uma figura que tinha uma foto em seu álbum com um livro de Clarice Lispector em destaque, bem aberto diante de si, como se estivesse o lendo. Ok. O cara realmente gosta da autora. Claro que cada um tem a liberdade de pôr o que quiser em seu álbum, de demonstrar seus fanatismos e tal, mas nesse caso em particular notei certa apelação. Se alguém é intelectual ou inteligente, basta apenas conversar com essa pessoa pra perceber. Pra que forçar uma barra?
Toda a questão não é o fato de certas pessoas expressarem seu (bom) gosto publicamente, mas sim, a real intenção em fazê-lo. “Cult”. Por que algumas pessoas querem tanto esse rótulo? Pra serem admiradas? Pra se sobressaírem? ¬¬

Não me considero um intelectual. Nem poderia, pois não sei que poeta escreveu tal poesia, não curto MPB e assisto ao Big Brother. Considero-me sim, uma pessoa sensível.

E viva a espontaneidade!

...

3 comentários:

  1. Me lembro pouco a respeito da figura que usei como exemplo, na época eu estava interessado em observar outras coisas e era literalmente outra pessoa. Não sei ao certo o quanto ele era inteligente, mas sei que tinha bom gosto e era esforçado; nem precisava pôr nada em seu Orkut pra ressaltar sua inteligência.

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  2. Muito legal esse post... Só para ilustrar mais um pouquinho esse tema, vou citar algo que aconteceu comigo no trabalho... Estávamos falando sobre cinema, quando um colega de trabalho ficou meio encabulado quando sua esposa (que tbm trabalha no meu setor) falou que ele assiste filmes dublado, o motivo dele ter ficado envergonhado de certa forma é que nosso supervisor(que eh um cara bem intelectualizado e que só assiste legendado) tbm estava presente na conversa.. Foi um momento bem engraçado e eu tive que dizer para esse meu colega que não se preocupasse pq eu tbm assisto dublado... Baseado nisso eu digo: O que importa mesmo é se emocionar com a historia, independente de ser legendado, dublado ou mudo... Tem filme que a dublagem não vale nada, péssima sincronia e escolha de dubladores nada haver com o a ator, mas, dependendo do gênero do filme(comedia e ação por exemplo), uma dublagem até ajuda... Yuri, parabéns pelo blog. Para terminar, viva o cinema, viva a liberdade de escolha e viva as pessoas que sabem viver intensamente!

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  3. É isso aí!
    Toda essa questão de assistir ou não a filmes legendados, de citar autores intelectuais, assistir ao BBB, gostar de cinema europeu entres outras coisas, tudo isso independe do grau de inteligência de quem quer que seja. São meros RÓTULOS (que será tema de um post que farei muito em breve). Há pessoas inteligentes que não tem acesso a nada disso que foi citado, utilizam sua inteligência para os fins que lhe são convenientes. E, na minha opinião, inteligência está acima de ser "cult". A partir do momento que alguém usa certas características que são comuns a maioria dos intelectuais para se promover, essa pessoa não estará sendo cult, mas sim, fútil.

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